Servidores não agüentam mais esperar

Os servidores públicos estaduais e municipais não querem mais suportar calados a interminável espera na fila dos precatórios. Governo e Prefeitura de São Paulo não honram devidamente os compromissos de pagamento dos precatórios alimentares, aumentando ainda mais o tempo de espera dos servidores pelo direito adquirido.

Roberto Torres Leme é presidente da Udemo (Sindicato de Especialistas de Educação do Magistério Oficial do Estado de São Paulo). Diretor de colégio aposentado, ele engrossa o coro de reclamações contra o Estado.“Isso é um descaso muito grande”, diz ele. “Não estamos pedindo nenhum favor. São direitos adquiridos ao longo de nossas carreiras e o governo simplesmente finge que isso não existe.” Visivelmente desanimado, durante manifestação realizada no dia 31/8, que pediu o impeachment do governador do Estado, Geraldo Alckmin, e da prefeita da capital, Marta Suplicy, o presidente da Udemo completou: “O grande problema é que no Brasil a lei só existe

A demora no pagamento dos precatórios alimentares, que em alguns casos já dura quase 8 anos, gera #fig120_dir#descontentamento e revolta entre os servidores. Formado na grande maioria por idosos, o grupo dos servidores que tem precatório a receber não pode esperar muito tempo. “Muitos já morreram sem receber o que tinham direito”, declarou o representante do Centro do Professorado Católico de Ribeirão Preto, Fernando Rodrigues (foto). Aos 67 anos, o funcionário aposentado da USP tem hoje quatro ações contra o Estado, sem data prevista para o pagamento. Antônio Yoshida foi motorista municipal por 13 anos. Aposentado, espera pelo pagamento de três precatórios e falou com certa indignação sobre o problema. “Não tem como definir esse descaso”, disse Yoshida. “A lei é para ser cumprida e os últimos prefeitos simplesmente a ignoraram. Essa situação é o cúmulo.” As brigas judiciais contra o governo não vêm de agora. José Costa e Rodolpho Vicentini aposentaram-se como Oficiais de Justiça. Entraram com a primeira ação em 1978. Segundo eles uma das primeiras feitas contra o governo. Desde então foram várias ações. Ganharam algumas, mas perderam muitas outras também. “Já faz tanto tempo que eu nem me lembro mais de todas elas”, disse Vicentini. “Atualmente temos várias ações, mas pelo visto não vamos receber”, completou José Costa. Entre os servidores públicos, são comuns as ações feitas em conjunto. Um grupo de professoras de Campinas (foto), associadas à Apampesp (Associação de Professores Aposentados do Magistério Público do Estado de São Paulo) participam desse tipo de ação através do Escritório de Advocacia Sandoval Filho. Lourdes Antonelli (foto) participou da manifestação do dia 31/8 com outras 50 professoras de Campinas. Com muito bom humor, apesar da situação dos precatórios, lamentou o tempo de espera. “É um dinheirinho que faz falta, porque o ordenado é pequeno”, disse a professora. “Já entramos com várias ações, sempre com o Escritório do doutor Sandoval, e temos ganhado bastante. Pena que demora muito para receber o dinheiro.” Outra professora associada à Apampesp, Maria Aparecida Sodré (foto) critica os governantes, mas assume em parte a culpa pela situação: “Todo mundo corre atrás, mas está muito difícil receber”, disse a professora de Ribeirão Preto. “Nós somos culpados também, porque os colocamos no poder. Nas próximas eleições, temos que escolher melhor os nossos governantes”, completou.

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